Perdão

O meu amado tutor Rev. Maurício Nunes, ao saudar a Igreja nos serviços de domingo usa uma linda frase: “Graças ao Senhor, que nos perdoa”! Isso me veio à mente agora e gostaria de me deter, ainda que brevemente, com você nesse tema.

Existe uma relação íntima entre o arrependimento e o perdão, contudo o perdão prevalece. Explico: Perdão é atributo Divino e unilateral e nos alcança apesar de nós. Sim, se nos fosse necessário qualquer ato, como o arrependimento, para merecer o perdão, nós não conseguiríamos alcançá-lo, pois nosso arrependimento não tem a profundidade necessária para extrair o pecado.

Vamos com calma. Já aconteceu de você se arrepender de alguma coisa, profundamente, e voltar a fazer a mesma coisa algum tempo depois? Comigo sim, algumas centenas de vezes só nesse início de ano. Isso significa que nosso arrependimento não foi verdadeiro? Pode ter sido, mas não é isso que nos faz alcançar o perdão.
Somos incapazes de nos arrepender de forma profunda o suficiente para não repetir o erro.

A notícia boa é que Ele nos perdoa não com base na profundidade ou eficácia do nosso arrependimento ou ainda no nosso progresso de reconhecer o pecado e evitá-lo. Ele nos perdoa com base na excelência e perfeição do trabalho de Jesus na cruz.

Não somos perdoados por causa da pureza ou profundidade do nosso arrependimento. Isso leva a uma reflexão interessante: Por que Jesus aconselha a não pecarmos mais, já que seremos perdoados crendo Nele? Por amor!

Jesus sabe que o convívio com o pecado mata o que temos de mais precioso: a comunhão com Ele, que é Santo. Por isso o salário do pecado é a morte, porque nos afasta da única fonte verdadeira de vida: Ele mesmo!

Você já parou para pensar naquela mulher que estava prestes a ser apedrejada? Jesus, após perguntar a ela onde estavam seus acusadores e Ele próprio não condená-la, diz: “Vá e não peques mais”! Você realmente acha que a partir daquele momento a mulher passou a ter o corpo glorioso prometido no dia da ressurreição dos mortos e nunca mais pecou? Certamente não! Em algum momento de sua vida ela se distanciou da vontade de Deus (“pecatus” ou erro de alvo) pelo simples fato de que a natureza humana caída não consegue não pecar, conforme nos ensina Agostinho.

A boa notícia é que o encontro com Jesus muda a trajetória. A Bíblia me dá a segurança necessária para afirmar que aquela mulher certamente despendeu seus esforços para afastar-se do pecado e caminhar o mais próximo possível da vontade de Deus.

Por tais esforços ela é perdoada?
Não! O perdão é por graça e de graça para nós. O preço, bem alto diga-se de passagem, quem pagou foi Ele.

Na cruz, Cristo levou meu pecado, mas eu consigo experimentar *de forma plena* os efeitos disso nessa vida? De forma plena, não!

Deus administra o trabalho de Cristo no que diz respeito ao pecado em três etapas:
1) Ele me concede o perdão e libertação da minha culpa quando eu me converto;

2) Deus quebra o poder do pecado em mim na cruz. A este processo podemos chamar de SANTIFICAÇÃO e ele dura até a minha morte;

3) Ele me livrará definitivamente da presença do pecado, concedendo-me um novo corpo no dia da ressurreição dos mortos. Ali viveremos em comunhão com Ele pela eternidade. Aleluia!

Querida Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara, que me viu nascer e abraçar a caminhada na direção do Seu serviço, que esse Senhor, que nos perdoa profunda e completamente, os abençoe e guarde!

Sem. Erivaldo Brito