O Fermento Na Massa

Mt 13:33

Calma! Não é uma receita de bolo. Mesmo porque eu não tenho a menor aptidão para isso. Mas é tão curioso ver o método de ensino escolhido por Jesus. Ele procura, através de elementos conhecidos, apresentar as Verdades que precisamos conhecer, experienciar e transformar nossas vidas.

Na Palestina, não havia padarias. O pão era produzido em casa em quantidade suficiente para a família. Alguns historiadores dizem que a quantidade de “três medidas” citada por Jesus, era o que contemplava uma família. Portanto, Jesus está falando da cozinha da casa, da intimidade conhecida pelas famílias.

A levedura era uma pequena parte da massa que se guardava da última fornada. Era guardada exatamente porque fermentava e ajudava na qualidade e no sabor do pão a ser produzido. Pão sem levedura era um biscoitinho sem graça, sem sabor e duro. O fermento é o que faz a diferença num delicioso pão.

É verdade que para muitos, assim como para os judeus, se relaciona o fermento ao que é mal e não deve ser feito. Jesus mesmo disse: “Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus” (Mt 16:6). Portanto, deve ter sido uma surpresa o que Jesus apresenta. A mensagem que Jesus transmite em síntese é que a levedura tem um poder transformador e tem mesmo! Introduzir fermento na massa a transforma.

Então, Jesus está nos mostrando que ser cristão transforma a vida da pessoa. Preste atenção! Não está dizendo que “pode” (sentido condicional) transformar, é transformadora a entrada de Jesus na vida de uma pessoa.

Socialmente isso é atestado, por exemplo na transformação que Jesus trouxe na vida das mulheres. O sexo feminino não era contado, respeitado, considerado e/ou incluído na vida social. No mundo de então a mulher era uma excluída socialmente, contada como posse. Diz Barclay que, era comum o judeu, pela manhã, agradecer a Deus por não ter nascido gentio, escravo ou mulher. Pois Jesus transforma a vida da mulher fazendo-nos ver que esta foi feita segundo a imagem e semelhança de Deus. Não é uma privilegiada, nem uma qualquer. Homem e Mulher foram feitos assim.

Jesus transformou a vida de fracos e doentes. Estes eram considerados escória, repulsivose excluídos. O cristianismo é o primeiro e o único que se interessa verdadeiramente pelas pessoas marginalizadas, fracas, doentes e por coisas consideradas defeituosas. O cristianismo não é uma religião de santos e poderosos, mas de doentes, fracos, excluídos e defeituosos que precisam da graça e misericórdia de Deus.

Jesus também chamou para si os anciãos. Velhos e idosos eram considerados estorvo na sociedade. O convívio social era pautado por uma postura que convidava a se desfazer de animais velhos, pois não servem para mais nada; os escravos só valiam enquanto mantivessem viva a capacidade de trabalho; dentro das famílias, idosos e viúvas eram um peso. Pois Jesus foi o único na história que viu a mulher e o homem como pessoas e não como capacidade de trabalho independente da situação da vida

.Jesus transformou a forma de enxergar a criança. Foi Ele que advertiu: Deixai vir a mim ospequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10:14). Na verdade, Jesus valoriza a família e resgata os valores familiares contra uma visão degenerada no lar, onde as pessoas são utilitárias usadas.

São exemplos do poder transformador do Evangelho sobre a vida de uma pessoa, assim como o fermento transforma a massa.

Rev. Cid Pereira Caldas

Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana de Botafogo