O Balanceamento Correto

O evangelismo é prioridade nas Escrituras. Isso é um fato incontroverso. Ainda assim, a maioria dos cristãos provavelmente sentem que não evangelizam o bastante – ou não como deveriam.

Talvez, uma das razões é que temos a tendência de enxergar o evangelismo como uma ação individual. Sim, devemos partilhar o evangelho como indivíduos, mas o evangelismo como uma missão solo está longe de ser o ideal bíblico.

Enquanto algumas pessoas priorizam a proclamação individual, outros enfatizam a importância do papel comunitário na evangelização. Ambas são boas formas de se pensar, mas certamente encontraremos os maiores frutos quando somarmos as duas visões na igreja local.

Segundo o missiólogo Ray Ortlund em seu livro “O Evangelho”, temos a seguinte equação: – Doutrina do evangelho – cultura do evangelho = hipocrisia; – Cultura do evangelho – doutrina do evangelho = fragilidade; – Doutrina do evangelho + cultura do evangelho = poder

Esta equação é imensamente proveitosa para a igreja local. Se proclamamos o evangelho, mas não o vivemos, temos o perigo real de sermos verdadeiros hipócritas. De igual modo, se vivemos o evangelho, mas não proclamamos a sua verdade, temos o igualmente real perigo de experimentarmos fragilidade (haja vista a facilidade que vemos muitas igrejas seguindo hoje os chamados “ventos de doutrina”). Porém, se ao mesmo tempo proclamamos e encarnamos o evangelho, seremos uma igreja por meio do qual as pessoas ao mesmo tempo ouvirão e experimentarão as boas notícias da graça de Deus em Jesus Cristo. E quando isto acontece, é explosivo.

 

Doutrina do evangelho

Portanto, quando pensarmos sobre como evangelizamos, devemos primeiro pensar em doutrina, e uma doutrina correta entende que a igreja está no centro da missão de Deus para alcançar o mundo. Até a mais breve visão geral de uma teologia bíblica demonstra essa centralidade. Deus plantou Adão e Eva no jardim para levarem sua imagem na criação (Gn 1.27).

No Antigo Testamento, Ele escolheu Israel para ser luz às nações (Is 49.6). No Novo Testamento, ele comissiona a igreja para proclamar as suas virtudes (1Pe 2.9). Na nova criação, sua noiva irá irradiar o brilho da sua glória (Ap 21.9-11).

Do Gênesis ao Apocalipse, a Escritura nos ensina que Deus se faz conhecido no Seu mundo através de Sua gente – comunidade.

 

Cultura do evangelho

Igrejas são edificadas para serem um só corpo vivo. Contudo, o perigo dos nossos dias nos apresenta uma real tentação que não pode ser ignorada: sermos cristãos individualistas, que ignoram a necessidade da vida comunitária. Este perigo não é pequeno e facilmente se irradia para nossa visão de evangelismo.

Se é através da igreja, que é povo de Deus que Ele se faz conhecido, então não podemos nos dedicar apenas ao evangelismo individual. Mais uma vez, isto não significa diminuir ou negar a importância do contato individual e comunicação do evangelho um-a-um. Significa, ao contrário, entendermos como igreja que se formos apaixonados pelos perdidos precisamos ter a visão correta sobre o papel da comunidade na ação de proclamar o evangelho. Este papel é central.

Não somos apenas um conjunto de indivíduos que falam de Jesus para pessoas próximas. Antes, somos uma comunidade de pessoas escolhidas por meio da qual Deus deseja demonstrar Sua glória (1 Pe 2.9-10). Esta verdade altera o evangelismo da dinâmica do quem eu quero alcançar para quem nós queremos alcançar.

Ao vivermos desta forma, há poder de verdade. Doutrina do evangelho + cultura do evangelho = poder.

Deus nos abençoe em Sua missão.

Rev. Gabriel Brito