Felicidade ou Santidade?

Certas perguntas têm a capacidade de gerar uma profunda reflexão de nossas escolhas e trajetória. Lembro-me a primeira vez que ouvi a pergunta de autores sérios e com vida diante de Deus sobre qual a busca de nosso coração: “você está buscando felicidade ou santidade?”.

Esta forte pergunta parece, em primeira análise, de alta pertinência, quase um chamado a “viver a vida a sério” – buscar santidade não significa buscar felicidade.

E você, leitor desta reflexão, busca felicidade ou santidade?

Antes de você responder, pense comigo: são duas escolhas excludentes? Realmente ou se escolhe felicidade ou se escolhe santidade? O senso comum diria que sim. Basta perguntar para qualquer pessoa que não conhece a Cristo (e muitos que dizem conhecer também diriam!). Mas será que esta oposição se sustenta diante das Escrituras?

O autor do Salmo 119 nos lembra que “Deus é bom e faz o bem” (119.68) e Davi nos ensina com autoridade: “Tu me farás conhecer o caminho da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua direita há eterno prazer” (Sl 16.11).  

O perigo da idolatria à prosperidade em nossos dias é gerar naquelas que não querem ser identificados com esta espúria teologia uma falsa visão do que seja santidade. O risco de entrarmos de cabeça na “teologia das bênçãos”, é tão grande quanto ignorarmos o caráter do Deus cuja generosa provisão abençoa a vida daqueles que seguem a Cristo.

O puritano Thomas Brooks (1608-1680) escreveu em 1662 sua famosa obra “A coroa e glória do Cristianismo: ou, Santidade, o único caminho para Felicidade”. Veja o título: santidade é o caminho para a felicidade. O argumento do puritano calvinista é que santidade e felicidade humana estão profundamente interconectados, de tal forma que “santidade em nada difere da felicidade, se não em nome”. E outra frase poderosa: “a felicidade é a quintessência da santidade”.

Parece-nos que Thomas Brooks fez uma genial exegese do que Davi quer dizer no salmo citado acima: “na tua presença há plenitude de alegria”. Pense comigo: ser santo é ser “cortado”, “separado” para Deus. É viver “coram Deo”, diante da face de Deus todos os dias. Ser santo é estar na presença de Deus constantemente, graças ao generoso sacrífico de Jesus. E Davi conclui com chave de ouro: estar na presença de Deus é estar em plenitude de alegria.

 

Assim, não podemos separar aquilo que Deus mantém eternamente unido.

 

Isto significa que apenas há verdadeira felicidade quando há santidade. Não deixe a santidade de lado para buscar felicidade. Ambas são na realidade uma só! Não a falsa felicidade dos nossos dias, mas a verdadeira felicidade, que não se esgota em um momento, coisa ou circunstância da vida.

 

Como diria John Piper em sua obra majestosa “Em Busca de Deus”: “quando dizemos que Deus é mais glorificado em nós quanto mais estivermos satisfeitos nEle, estamos dizendo que a verdadeira guerra diária pela santidade é a guerra para estarmos satisfeitos em Deus”.

 

Seja feliz, seja santo!

 

Em Cristo,

Pastor Gabriel.