Crer Antes De Ver

“Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus e partiu” Jo 4:50

João fala em 4:46-54 de um encontro que um oficial do rei teve com Jesus. Não sabemos seu nome, mas o evangelista nos informa que Jesus estava na cidade de Caná, da região da Galiléia, onde ele havia transformado a água em vinho (Jo 2:1-11). Aquele oficial estava passando por um momento muito angustiante de sua vida, pois seu filho estava doente. Seu medo maior era perdê-lo e, a julgar por suas palavras a Jesus, isto poderia acontecer: “Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra” (Jo 4:49).

Não há nada que deixe um pai ou mãe mais aflitos do que ver seu filho doente. Mães e pais amorosos são capazes de investir tudo que tem, não medem esforços para ver seus filhos curados. Aquele pai soube que Jesus estava ali por perto, largou tudo e tratou de ir ao seu encontro, pois não poderia perder essa oportunidade que seria decisiva para a vida do seu querido filho.

Diante da declaração desesperada daquele pai, pedindo a Jesus que fosse rápido antes que seu filho morresse, o Mestre responde com uma simples frase: “Vai, teu filho vive” (Jo 4:50a). Aqui se apresenta um verdadeiro teste de fé para aquele pai aflito: acreditar na palavra de Jesus ou continuar insistindo para que o Senhor fosse pessoalmente e tocasse seu filho. Ele resolve confiar e voltar para casa somente com a promessa. O evangelista Mateus fala de outro homem, um centurião, que clama para que Jesus curasse o seu servo e, pela fé, aceita a palavra de Jesus como suficiente para que o milagre acontecesse: “Então, disse Jesus ao centurião: Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela mesma hora, o servo foi curado” (Mt 8:13). Lucas nos fala dos dez leprosos que foram curados enquanto se dirigiam aos sacerdotes (Lc 17:14). No Antigo Testamento temos outro exemplo bem conhecido de uma cura acontecida à distância, quando Naamã, oficial do rei da Síria, é curado de sua lepra simplesmente atendendo à palavra do profeta Eliseu que o havia mandado se lavar no rio Jordão (IIRs 5:1-14). Na verdade ele hesitou antes de ir, pois esperava que o profeta chegasse perto dele, fizesse uma oração e movesse a mão no local da enfermidade para que ele fosse curado (IIRs 5:11), mas acabou obedecendo e foi curado.

Jesus chama de bem-aventurados aqueles que não viram e creram (Jo 20:29), respondendo a Tomé que fez questão de ver e tocar as mãos de Jesus para poder creditar que de fato havia ressuscitado. Hoje ainda existem pessoas como Tomé que precisam ver algo de concreto para acreditar, pessoas como Naamã que precisam ver alguém de carne e osso agindo na sua frente para ter certeza de que o milagre vai acontecer. Aquele pai temia a morte do seu filho e foi buscar Jesus, mas, voltou sozinho para casa guardando no coração a palavra do Senhor. No meio do caminho, recebe a notícia de que seu filho está vivo.

A nossa fé precisa ir muito além das evidências e muito além dos sinais. E foi isso que Jesus declarou antes ao pai aflito: “Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis” As pessoas acompanhavam Jesus para ver sinais, queriam ver milagres para crer, mas não tinham a fé que produz milagres. Ver para crer ou crer para ver. Aquele pai não viu de imediato o milagre, mas acreditou na Palavra e viu, posteriormente, o que tanto esperava.

Precisamos estar no grupo daqueles que não viram e creram. A fé genuína se concentra única e exclusivamente naquele que é nossa fonte de todo bem, o nosso Deus todo poderoso, que, na sua Palavra nos deixou infinitas promessas e que, a seu tempo, se cumprirão em nossa vida.

Rev. Tiago Silveira

Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana da Ribeira