AO DEUS DAS MINHAS ANGÚSTIAS

Chamo ao Senhor pelo nome, porque, de mim, eu quase me esqueci. Não me reconheci
no espelho das minhas verdades, que me conhece e me denuncia. O Senhor, porém, me conhece
por dentro, e advoga a minha causa (Salmo 139.3; 1João 2.1).

Chamo ao Senhor pelo nome, porque o meu já vai se apagando na face dessa terra. As
minhas roupas me são pesadas aos ombros, e o que me alivia é pensar no peso da cruz de
Cristo, feita de madeira e de meu pecado, que pesou muito mais nos seus lombos (Isaías 53.4).
Sussurro ao Senhor pelo nome, porque minha voz já não é ouvida, abafada pelo ruído do
mundo. Os meus sapatos me apertam os pés e me fazem manquejar, andando atrás de ilusões.
Mas, o que são meus calos, frente aos cravos que cessaram os passos do meu Senhor!? (conf.
João 20
).

Suplico ao Senhor pelo nome, porque a minha memória já se esqueceu das demais coisas.
A comida desce ao trato das minhas entranhas somente pela gravidade, porque a minha
vontade não pede mais pelo alimento. Apesar de tudo, vejo o Senhor arrancar um pedaço de si
mesmo, como pão, e me dar um gole de seu sangue, como vinho, a exterminar minhas fomes
e sedes (Mateus 26.26-28).

Grito ao Senhor pelo nome, porque o ar que me chega aos pulmões me parece
insuficiente. E me lembro de que por três dias a morte tomou todo o fôlego de Jesus, enquanto
eu respirava (Lucas 23.46).

E nos dias em que eu, com minhas inflamações de garganta, não conseguir chamar,
clamar, sussurrar, suplicar, gritar pelo meu Senhor, vou me lembrar de que Ele, diante de seus
tosquiadores, como um cordeiro mudo, não abriu a boca (Isaías 53.7).
Somente em Deus minha alma espera silenciosa, pois dele vem a minha salvação (Salmo
62.1
).

Pastor Maurício