“Ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram.” (…) “E sucedeu que, posto o sol, houve densas trevas; e eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços.” Gn 15:12; 17 (Leia também Gn. 15:7-21)
Gênesis 15 apresenta um dos episódios mais notáveis, senão de cenas apavorantes, na vida de Abraão. Para um nômade, a promessa de possuir uma terra teria sido tão reconfortante quanto difícil de se acreditar, por isso é natural que Abraão responda à promessa de Deus (v. 7: “Eu sou o SENHOR que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te por herança esta terra.”) com um pedido de garantia (v. 8: “SENHOR Deus, como saberei que hei de possuí-la? “). O que é surpreendente não é o pedido, mas o sinal que Deus fornece.
Os animais são trazidos diante de Deus, divididos em dois, e depois colocados diante dele. O escritor deixa claro que, à medida que o sol se põe, Abraão não simplesmente adormece, mas experimenta uma “pavorosa e intensa escuridão”. Na escuridão espessa, uma espécie de forno com fogo e uma tocha flamejante passam entre as partes e o episódio termina com a declaração: “Naquele mesmo dia, fez o Senhor uma aliança com Abrão” (v. 18).
O que está acontecendo?!? No antigo Oriente, quando as partes entravam em uma aliança, muitas vezes a mesma era dramatizada pela travessia entre as partes de um animal sacrificado, ou alguma outra promulgação de penalidade que deveria recair sobre aquele que não cumprisse o trato até o fim. Isso significava que ambas as partes estavam dispostas a honrar o acordo mesmo que isso custasse suas próprias vidas. Ou seja, o destino de quem desonrasse a aliança seria o mesmo que o dos animais. Na escuridão, Abraão testemunha Deus (representado como um forno e uma tocha) passando pelas partes dos animais, e mesmo assim ele não é obrigado a fazê-lo! A Aliança é tão somente de Deus e o homem não pode cumpri-la.
Os escritores dos Evangelhos observam que quando Jesus morreu, a escuridão caiu sobre a terra e, nesse momento, vemos o sacrifício que Deus fez para honrar suas promessas. É um lembrete de que ele foi ao túmulo para nos entregar os céus, tornou-se maldito e rejeitado para nos dar um lar e experimentou uma profunda escuridão para nos levar à luz.
Na verdade, essa visão é o que confortou o medo de Abraão em Gênesis 15: 1 (“Não temas, Abraão, eu sou o teu escudo”). Esse é o seu conforto também?
Que possamos sempre lembrar que Jesus experimentou a escuridão em nosso lugar e nos mostrou a sua luz. Porque Cristo experimentou a solidão da cruz, eu e você fomos adotados pelo Pai. Porque ele experimentou o túmulo, eu e você recebemos a Luz do Eterno. Que possamos sempre lembrar de não temer as circunstâncias, porque Deus é o nosso escudo e socorro bem presente.
Que Deus nos abençoe! Em Cristo,
Pastor Vinícius